jfonseca
Veterano
Bom, ao que me parece, existe alguma regra do tipo: quanto menos potência o ampli, mais saturadas as válvulas ficam, e menos o pedal de boost funcionará no canal drive.
Parece que as válvulas precisam de uma certa folga de saturação para que o boost de volume ocorra.
Sim! O nome dessa folga é headroom e é a maior diferença entre um amp de alta potência e um de baixa (fora o volume é claro).
Você tem que polarizar as válvulas para poder trabalhar. Digamos que você polariza o catodo de 12AX7 com +1.5V e aterra a grade via um resistor de 1M. Essa é uma configuração muito comum nos Marshall e outros hi-gain.
A grade então está no zero, e o catodo no + 1.5V. Como resultado a grade está polarizada a -1.5V em relação ao catodo.
Então você tem 1.5V para trabalhar no sentido positivo até a grade atingir 0V, e -10V ou algo por aí no sentido negativo até cortar o áudio.
Se você liga uma guitarra com humbuckers e um boost, e mandar na entrada um sinal de alguns V pico-a-pico, o lado positivo vai chegar a no máximo 1 V antes da grade conduzir e "engolir" o sinal. E o lado negativo vai praticamente até onde o swing negativo "quiser"(em algum ponto ele corta o sinal).
Como pode ver, no lado positivo a grade "engoliu" o seu boost que ficou lá com algo tipo 2.x V não adiantando nada mandar vários volts na entrada após o boost, e no sentido negativo ela aceitou o boost mas começou a cortar o áudio lá na região dos -10 ou -11 V. Assim, boa parte do boost foi "ignorado".
No entanto, se estiver usando um captador single-coil, sem qualquer boost, e chegarem apenas 150mV na grade por exemplo, vai sobrar mais de 1V positivo de headroom, e 10 a 11 V negativos. Você vai notar uma diferença enorme entre o sinal clean da guitarra e a saída após esse estágio de ganho, porque a válvula está trabalhando folgada e aproveitando todo o swing positivo e negativo.
Em termos técnicos, a transcondutância da válvula cai conforme você vai aumentando o nível de sinal de entrada.
A partir de um certo nível de boost você começa a fazer onda quadrada. E foi assim, fazendo onda quadrada por excesso de drive, que nasceu o fuzz